Em relação à predação das fronteiras agrícolas, Euclides da Cunha – em sua obra À Margem da História, ainda em 1909 – denominou os primeiros ocupantes da Amazônia como “Fazedores de Deserto”, pois transformavam paraísos terrestres em ermos isolados.
Uma única espécie reivindicando mais territórios do que precisa a despeito da mortandade de tantas outras cujos números atordoariam nossa imaginação.
Isso soa como uma injustiça sob qualquer escrutínio que optamos: ético/moral, secular, universal. A questão é: fazemos diferente agora? Ou ainda vigora os correntões infames, incêndios desautorizados e revolvimento por arados em contínua colonização de extermínio? O que seria uma interpretação mais elástica dessa conversão da floresta em deserto?
Podemos inferir nessa hipótese que a humanidade tem capacidade de dizimar milhares de outras formas de vida para estabelecer o monopólio de seus domínios.
Em um passado recente, governos, corporações privadas e uma legião de pessoas olharam para os biomas Pantanal, Cerrado e Amazônia e disseram algo como “aqui não tem nada”. Mas, poderia ser o contrário: aqui tem tudo, na verdade tinha tudo. Sim, um mundo milenar com ecossistema complexo e funcional coordenado por dança simbiótica de autopreservação que se manteve equilibrado por tempos imemoriais.
Povos aborígenes e milhares de organismos…