O consumo de bebidas energéticas e suplementos com cafeína como pré-treino tem se tornado cada vez mais comum. O objetivo é aumentar o rendimento em atividades físicas de alta intensidade. No entanto, o consumo em excesso e sem orientação profissional pode trazer riscos à saúde.
Recentemente, o ator Rafael Zulu revelou que precisou ser internado após sofrer uma fibrilação atrial devido ao uso excessivo de bebidas energéticas. Em novembro de 2024, uma jovem norte-americana relatou ao jornal britânico Daily Mail que sofreu uma convulsão e quatro paradas cardíacas após ingerir energético como pré-treino.
Embora os energéticos possam, de fato, proporcionar um aumento temporário de energia e melhorar o desempenho físico em alguns casos, os riscos associados ao consumo excessivo devem ser considerados com cautela. O ideal é que seu uso seja moderado e, preferencialmente, orientado por um profissional de saúde, especialmente para quem já possui condições pré-existentes.
Quais são os riscos?
As bebidas energéticas contêm substâncias como cafeína, taurina, vitaminas do complexo B e açúcares que, quando ingeridas em grandes quantidades podem causar reações adversas significativas, segundo Leandro Costa, cardiologista do Centro Especializado em Cardiologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
“Entre os principais riscos estão os efeitos cardiovasculares, como o aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca, além da possibilidade de arritmias. Há relatos de casos extremos em que o consumo elevado de energéticos esteve associado a eventos graves, como parada cardíaca”, explica o especialista à CNN.
Além disso, os energéticos podem provocar efeitos neurológicos e psiquiátricos, como nervosismo, insônia e aumento da ansiedade, principalmente em pessoas sensíveis à cafeína. O consumo excessivo também pode interferir no metabolismo, alterando a sensibilidade à insulina e os níveis de glicose no sangue, de acordo com Costa.
Entre os sintomas que podem servir de alerta de que o corpo está reagindo de forma negativa ao consumo de bebida energética, segundo o cardiologista, estão:
- Palpitações ou batimentos cardíacos irregulares;
- Dor no peito;
- Falta de ar;
- Tontura ou sensação de desmaio;
- Tremores;
- Sudorese excessiva;
- Náusea e vômitos;
- Ansiedade intensa e ataques de pânico.
“Caso esses sinais apareçam, principalmente em indivíduos com histórico de doenças cardiovasculares, é fundamental procurar atendimento médico o mais rápido possível para evitar complicações graves”, alerta Costa.
Os riscos podem ser maiores em pessoas mais suscetíveis aos efeitos adversos das bebidas energéticas e de suplementos com cafeína. É o caso de adolescentes e crianças, cujo metabolismo pode ser sensível aos estimulantes.
No caso de pessoas com problemas cardíacos, o consumo de bebidas energéticas pode ser extremamente perigoso e, até mesmo, fatal. “O risco de arritmias cardíacas aumenta significativamente, podendo levar à fibrilação ventricular e, em casos mais graves, a uma parada cardíaca. Além disso, essas bebidas podem provocar picos repentinos de pressão arterial, agravando quadros de hipertensão e insuficiência cardíaca”, afirma Costa.
Por isso, pessoas que já possuem histórico de doenças cardiovasculares, como hipertensão, arritmias ou insuficiência cardíaca, devem evitar energéticos e qualquer suplemento estimulante sem recomendação médica.
Veja como consumir bebidas energéticas e suplementos pré-treino com cautela
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a ingestão de até 400 mg de cafeína por dia, no máximo. Isso inclui todas as fontes da substância: café, bebidas energéticas, suplementos, cápsulas e, até mesmo, chás, como o chá-mate, chá-verde e chá-preto.
No caso de atletas e praticantes de esportes que desejam aumentar o rendimento físico, é importante considerar a orientação de um profissional de saúde, especialmente em casos de histórico de problemas cardiovasculares ou uso de medicamentos — para verificar possíveis interações.
“Alternativas mais seguras, como café preto ou suplementos com menor concentração de estimulantes, podem ser opções viáveis para quem busca um impulso no desempenho sem os riscos associados ao excesso de cafeína e outros estimulantes presentes nos energéticos”, orienta Costa. “Para atletas profissionais, o acompanhamento de um nutricionista ou médico do esporte é essencial, pois um consumo inadequado pode comprometer tanto a saúde quanto a performance esportiva”, completa.