O depoimento de Fabio Abrate, ex-diretor financeiro e de relações com investidores da Americanas, é explosivo.
Abrate não poupou acusações: segundo ele, os bancos que operavam com a Americanas ocultaram deliberadamente informações sobre as dívidas relacionadas ao chamado “risco sacado” — o mecanismo que sustentou a fraude contábil e ajudou a mascarar os prejuízos da empresa.
A denúncia do Ministério Público Federal (MPF) aponta que Abrate foi enfático ao dizer que as operações de risco sacado foram distorcidas com o aval dos bancos. Mais do que simples omissão, sua delação sugere que as instituições financeiras tiveram um papel ativo na manipulação contábil.
Os nomes citados no centro da crise? Itaú e Santander. Em seu depoimento, Abrate declarou: “Minha conversa com os dois bancos foi direta: ou retiram (da carta de circularização), ou paramos de fazer a operação (de risco sacado). O risco sacado era uma operação cara e de curto prazo. Então, se você é o Itaú, se você é o Santander, e me sinaliza, eu sou obrigado a contabilizar como dívida — esse era o pior cenário. (…) Se o banco interrompesse naquele momento, não teríamos chegado onde chegamos. A decisão de não mencionar isso na carta de circularização foi crucial para a continuidade da fraude.”
Além disso, ele afirmou que as negociações entre a Americanas e o Itaú ocorriam sem intermediários, sendo tratadas diretamente com a alta cúpula do banco.
Esta é a terceira delação no caso da Americanas, após os depoimentos dos ex-diretores Flávia Carneiro e Marcelo Nunes. O que antes parecia uma fraude interna agora ameaça afetar diretamente o sistema financeiro.
Se as acusações forem confirmadas, o impacto não ficará restrito à Americanas — pode abalar os gigantes do setor bancário.