O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) detalhou hoje os resultados da operação Metaverso, deflagrada no início do mês com o objetivo de desarticular esquemas de compra e venda fraudulentas de crédito em Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS). A ação foi realizada no município de Colniza (700 quilômetros de Sinop), apontado pelo Instituto Centro de Vida (ICV) como uma das jurisdições com maior desmatamento ilegal da Amazônia.
Segundo o Ibama, o esquema é uma das formas que criminosos utilizam para “esquentar” madeira ilegal, ou seja, dar uma aparência de legalidade a um produto extraído de maneira irregular, ao se valer do uso de dispositivos oficiais de controle, como o Documento de Origem Florestal (DOF), válido em nível nacional, e o Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais (Sisflora), que opera no estado mato-grossense.
Durante a ação fiscalizatória, foram apreendidas cerca de 300 toras de madeira in natura, com valor estimado em mais de R$ 500 mil. O material foi doado à prefeitura de Colniza para obras de infraestrutura em estradas. A infração ambiental resultou na aplicação de mais de R$ 15 milhões em multas e no embargo de uma área de 1,5 mil hectares.
De acordo com o Ibama, o desmatamento ilegal despeja madeira ilícita no mercado madeireiro, a qual necessita de créditos oriundos de PMFS ou de Plano de Exploração Florestal (PEF), para acobertamento e entrada na cadeia produtiva. Para evitar fraudes no processo de exploração de produtos e subprodutos florestais, são adotados sistemas informatizados, os quais devem ser integrados nos níveis municipal, estadual e federal.
Nesse sentido, o Ibama, por ser responsável pela administração do sistema DOF, que possui interface com o Sisflora, de Mato Grosso, busca manter a segurança da base de dados e a fiscalização frequente, com o intuito de coibir possíveis fraudes na movimentação de créditos. No entanto, segundo o órgão, mesmo o DOF e o Sisflora/MT não estão imunes a ações criminosas, o que pode comprometer a rastreabilidade sobre a origem da madeira: se proveniente de manejo sustentável ou desmatamento autorizado, ou se de desmatamento ilegal, o qual atinge, inclusive, áreas protegidas, como unidades de conservação e terras indígenas. Por isso, são realizadas ações fiscalizatórias frequentes, a fim de combater esse tipo de infração administrativa.
O Documento de Origem Florestal (DOF) é um documento público federal mantido e administrado pelo Ibama, o qual é responsável pela fiscalização de sua origem, pelo fluxo e pelo transporte de produtos florestais. Em 2025, o Supremo Tribunal Federal determinou que os sistemas dos estados e municípios da Amazônia Legal e do Pantanal façam a integração com o Sinaflor, sistema nacional gerido pelo Ibama, para a emissão de autorizações de exploração da vegetação nativa. No caso de Mato Grosso, a interface ocorre entre os dados do DOF e do Sisflora.
Esses dois sistemas funcionam como ferramentas contábeis que registram o fluxo dos créditos concedidos em autorizações de exploração florestal, desde o lançamento do volume inicial, no local de extração do produto florestal ou de entrada no país via importação, até o ponto de saída do fluxo, onde o material encontra seu consumo final ou deixa de ser objeto de controle florestal.
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