Sim, eu conheço a comunicação do ponto de vista técnico: linguagem verbal, não verbal, factual, não factual. Estudei os conceitos clássicos, as teorias, os elementos que a vasta literatura apresenta sobre o tema. No entanto, algo mudou em mim a partir do momento em que passei a estudar a fisiognomia com mais profundidade, com o apoio da mentoria da fisiognomista Fátima Vieira, uma das maiores estudiosas do tema no país.
A fisiognomia, prática milenar que estuda os traços do rosto, cabelo, expressões, revelou-se inseparável da comunicação. A forma como alguém se apresenta fisicamente também comunica, e muito. Revela aquilo que a pessoa comunica da forma mais profunda, vai além da fala. É a linguagem da alma. E a alma, por sua natureza, não julga. É uma linguagem neutra, que nos convida a observar o outro com empatia, buscando entender como podemos contribuir com seu desenvolvimento.
A partir dessa compreensão, ficou claro que minha abordagem de comunicação não poderia mais se limitar à oratória. A oratória ainda é parte, mas não o todo. O que proponho agora é algo mais completo, algo que eu tenho chamado de “comunicação 3D” — uma comunicação para a vida, e não apenas para momentos pontuais.
Em uma palestra destinada a corretores, por exemplo, o foco foi a comunicação efetiva no ambiente profissional. Mas o que os participantes levaram, além das técnicas, foi a reflexão: “Quem sou eu como comunicador na minha vida cotidiana?”. Porque não se trata apenas de falar muito ou pouco, mas da postura diante da vida. O que eu comunico para o mundo? E para as pessoas ao meu redor?
Essa comunicação é ampla e se dá em diferentes dimensões. Ela se expressa de forma horizontal, entre nossos pares, com quem convivemos no mesmo nível. Mas também se manifesta de forma vertical: com os que estão acima de nós em hierarquia (os uplines), e com os que estão abaixo (os downlines). Entender isso muda tudo! Porque a comunicação com os uplines deve nos posicionar como pessoas capazes de estar no mesmo patamar. E com os downlines, nossa comunicação deve inspirar e impulsionar o crescimento dos outros.
Por isso digo: a comunicação vai muito além de “falar bem”. É sobre ler o ambiente, prever possibilidades, e se preparar. Porque quando a gente se comunica bem com a gente mesmo, quando há um diálogo interno efetivo, não somos pegos de surpresa. Temos clareza emocional, estratégica e comportamental.
Como dizia Freud, o inconsciente de um ser se comunica com o inconsciente de outro, sem passar pelo consciente. Ou seja, mesmo que não percebamos, estamos em constante comunicação e o que sentimos no encontro com o outro, muitas vezes, vem dessa troca invisível, profunda, silenciosa. Quando alguém sente constrangimento ou desconforto, por exemplo, isso pode ter vindo daquilo que o inconsciente do outro estava nutrindo e nosso próprio inconsciente captou.
Por isso, uma comunicação integral, de 360 graus, que envolve o profissional, o pessoal, o íntimo e o coletivo, nos torna pessoas mais preparadas para a vida. O nosso mapa neural cria os cenários e estratégias e nos mostra caminhos e possibilidades. Estar preparado para o inesperado não é pessimismo, é inteligência emocional. Quem se prepara para uma guerra difícil e encontra um cenário mais leve, sai fortalecido. Enquanto, quem acredita que tudo será fácil e se depara com desafios, pode perder o equilíbrio.
Essa nova proposta de comunicação é integral: conecta o mundo interior com o exterior, o pessoal com o profissional. Vai além da oratória! É uma comunicação com consciência, com alma e propósito.
Sonia Mazetto é gestora de Potencial Humano, Terapeuta Integrativa, Fonoaudióloga e Palestrante.