Pesquisadores da Mayo Clinic, organização sem fins lucrativos de referência na prática clínica, educação e pesquisa, descobriram um novo alvo de imunoterapia que pode ajudar o sistema imunológico a combater o câncer de ovário. A novidade foi publicada recentemente na revista Sciences Advances.
O câncer de ovário é o terceiro tipo de tumor ginecológico mais comum no Brasil, ficando atrás do câncer do colo do útero e do endométrio, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Inicialmente, a doença não gera sintomas, o que pode dificultar o diagnóstico precoce e, consequentemente, as chances de tratamento de maior sucesso.
O novo alvo de imunoterapia descoberto pelos pesquisadores é um antígeno críptico, que faz parte de uma proteína — chamada epítopos — que, geralmente, está oculto ou inacessível ao sistema imunológico e que pode estar presente nas células tumorais. Quando a imunoterapia atinge esses antígenos, o sistema imunológico pode ser efetivamente mobilizado para atacar o câncer.
“Essas descobertas destacam a necessidade de explorar fontes alternativas de antígenos-alvo para o câncer de ovário,” diz Marion R. Curtis, autora sênior do estudo e imunologista no Centro Oncológico Integral da Mayo Clinic. “Descobrir antígenos associados ao tumor que as células T reconhecem é crucial para o sucesso das abordagens imunoterapêuticas no câncer de ovário, onde o crescimento das células que se formam nos ovários se multiplica rapidamente e pode invadir e destruir tecidos saudáveis do corpo.”
As células T fazem parte do sistema imunológico e atuam reconhecendo células infectadas ou cancerígenas e atacando-as, combatendo tumores e infecções.
Os pesquisadores caracterizaram antígenos tumorais gerados a partir do câncer de ovário utilizando abordagens multiômicas para determinar sua capacidade de desencadear uma resposta imunológica. O termo “multiômica” envolve o uso de múltiplas “omas” (isto é, genoma, proteoma, microbioma, epigenoma) para compreender melhor os mecanismos dos processos de doenças, de detecções, de possíveis prevenções e de terapias mais direcionadas.
Os próximos passos envolvem testes pré-clínicos e ensaios clínicos para avaliar a segurança e a eficácia de novas imunoterapias e vacinas que têm como alvo esses antígenos crípticos. Os pesquisadores também planejam realizar estudos em maior escala para avaliar a prevalência da expressão de antígenos crípticos em diferentes tipos de tumores, possibilitando, assim, a expansão das aplicações dessa abordagem imunoterapêutica.
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