O caso da onça-pintada que matou um caseiro de 60 anos, Jorge Avalo, no Mato Grosso do Sul, reacendeu o debate sobre a relação entre humanos e os grandes felinos.
De acordo com o Instituto Onça-Pintada, entre os grandes felinos, a onça-pintada é a que menos ataca seres humanos. “A onça não vê o ser humano naturalmente como uma presa natural“, reforça o instituto, diferenciando o comportamento do animal com o de outros grandes felinos como tigres e leões.
O caso ocorreu na última terça-feira (22), na região isolada de Touro Morto, no município de Aquidauana, onde Jorge foi encontrado morto após ser atacado por uma onça-pintada. Segundo informações, o ataque ocorreu enquanto ele tentava coletar mel em um deck próximo à mata, área onde trabalhava como cuidador de um pesqueiro particular.
Veja o que sabemos sobre o caso do caseiro que foi devorado por onça no MS
O Instituto enfatizou a raridade de ataques de onça-pintada a humanos em comparação com outras causas de morte por animais. “Se você for olhar as causas de mortes provocadas por animais e seres humanos, os grandes predadores, onça-pintada, por exemplo, é praticamente irrisório”.
A comparação com o número de mortes causadas por mosquitos (transmissores de doenças como malária e dengue) e animais peçonhentos (como escorpiões) ilustra a discrepância. Apesar da baixa frequência, ataques de grandes predadores como a onça-pintada geram um impacto emocional significativo.
O instituto explicou esse fenômeno pela “memória evolutiva” humana, um instinto ancestral de medo desenvolvido ao longo de milhões de anos de convivência com esses animais. A instituição reforçou que cada caso deve ser analisado em seu contexto específico.
No Pantanal, onde ocorreu o incidente, as onças são geralmente tolerantes à presença humana, tornando o ataque uma exceção ao comportamento padrão da espécie. A localização do ataque, em uma área de mata próxima a um pesqueiro, pode ter sido um fator contribuinte.
O instituto defende a importância de entender que ataques de onça-pintada a humanos são eventos raros e que não justificam alarmismo. A instituição enfatiza a necessidade de promover a coexistência entre humanos e onças-pintadas, baseada em conhecimento científico e práticas de manejo adequadas. O Instituto expressou suas condolências à família da vítima, reconhecendo a tragédia do ocorrido.
A onça apontada como a responsável pela morte de um caseiro no interior do Mato Grosso do Sul foi capturada no Pantanal, na manhã desta quinta-feira (24), e será levada para o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), em Campo Grande.
Relembre o caso
Na última terça-feira (22), um caseiro de 60 anos foi encontrado morto após ser atacado por uma onça-pintada na região isolada de Touro Morto, localizada no município de Aquidauana, no Mato Grosso do Sul.
A área, de difícil acesso e situada aproximadamente a 150 quilômetros da cidade de Miranda, ilustra a relação entre o habitat da espécie e o local do incidente, já que a onça-pintada ocorre em biomas como o Cerrado e o Pantanal, presentes no Mato Grosso do Sul.
Caracterizada pela natureza selvagem, com vegetação densa e rica biodiversidade, a região é parte integrante do bioma do Pantanal sul-mato-grossense.
Segundo informações, Jorge foi atacado enquanto tentava coletar mel em um deck próximo à mata, área onde trabalhava como cuidador de um pesqueiro particular. Moradores da região descreveram o ataque como repentino.
De acordo com a Polícia Militar Ambiental (PMA), na última segunda-feira (21), um guia de pesca local encontrou rastros de sangue e pegadas de um animal grande ao estranhar a ausência de Jorge Avalo no rancho onde trabalhava e acionou as autoridades.
Após buscas, o corpo de Jorge foi encontrado na manhã desta terça-feira (22), em um capão de mata, com o auxílio de policiais, familiares e guias da região.
As trilhas do animal na mata guiaram a equipe até Jorge. O corpo estava sendo arrastado pela onça por mais de 50 metros quando os agentes chegaram.
*Sob supervisão