A obesidade em crianças e adolescentes é um problema de saúde pública que requer uma abordagem abrangente, indo além do uso de medicamentos e procedimentos cirúrgicos. De acordo com Alexandre Azevedo, psiquiatra do Hospital das Clínicas de São Paulo, o tratamento deve focar principalmente no estilo de vida e no ambiente em que esses jovens estão inseridos.
O especialista ressaltou durante o CNN Sinais Vitais que, embora existam medicações aprovadas para o uso em crianças e adolescentes, bem como a possibilidade de cirurgia bariátrica em casos específicos, o cerne do problema está relacionado aos hábitos diários e ao contexto social.
Azevedo aponta diversos fatores que contribuem para o aumento da obesidade nessa faixa etária:
- Solidão: Muitas crianças passam longos períodos sozinhas, seja em casa ou na escola, o que pode levar ao consumo excessivo de alimentos altamente calóricos;
- Sedentarismo: O hábito de passar horas jogando videogame e a falta de atividades físicas ao ar livre, muitas vezes devido à insegurança nas ruas, contribuem para o ganho de peso;
- Acesso a alimentos não saudáveis: Alimentos ricos em gorduras e açúcares são frequentemente mais baratos e acessíveis, dificultando escolhas alimentares saudáveis.
O tratamento da obesidade em adolescentes deve envolver uma abordagem holística, focando no autocuidado e em mudanças de longo prazo, em vez de simplesmente na perda de peso. Azevedo adverte sobre os riscos de desenvolver transtornos alimentares como bulimia e anorexia nervosa, ressaltando a importância de não focar excessivamente no peso.
O especialista defende a necessidade de mudanças culturais que comecem em casa, com os pais, e se estendam a políticas públicas que promovam:
- Acesso mais barato a alimentos saudáveis;
- Espaços seguros para atividades físicas e brincadeiras ao ar livre;
- Educação sobre hábitos alimentares saudáveis.